domingo, 28 de abril de 2013

24 segundos

ontem vi o amor pairando com asas azuis fronte a fronte e entendi o que você costumava me dizer. No beijo percebi que pode durar uma noite. Apenas uma noite. Pode queimar como um pavio. E ainda assim ser tão forte quanto um ano.


domingo, 21 de abril de 2013

Forever young (só que não)

você decide ir a um evento em volta do lago porque ama o lugar, é de graça, adora arte, objetos interessantes e música boa. Mas, chegando lá você percebe que motivos florais estão bombando, cabelos assimétricos e ruivos do tipo “eu nasci na Holanda” são o corte do momento, ser eternamente adolescente é lei, e que, levar um amigo gringo e falar sobre suas próximas férias em Berlim é o “último” grito da moda. Fora os filmes cults, as músicas hypes e as roupas rasgadas nas boutiques, que eu até gosto. A não ser pelos cupcakes você se sente totalmente deslocado e pensa que pra festa ficar legal você teria que usar “subterfúgios”. Sim! É chegada a hora de frequentar os bailes da terceira idade e as gafieiras animadas. Velhice me abrace forte, porque eu não conheço ninguém que não tenha medo da senhora...

sábado, 20 de abril de 2013

quarta-feira, 17 de abril de 2013

seremos felizes no outono

ao vivo, ficarei muda. Você poderá encaixar-se automaticamente no vão entre meus seios e continuaremos em silêncio, fingindo que nos conhecemos. Desse modo, nada mais será frio ou quente.

terça-feira, 16 de abril de 2013

convite

aninha tua cabeça no côncavo do meu pescoço, faça dele tua morada e aquieta o coração. Sou forte sem escudo ou espada. Cuidarei, pois,  de todos que vivem em mim e em ti.

domingo, 14 de abril de 2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Nostalgia 2

B. A, jan, 2013

segunda-feira, 8 de abril de 2013

sábado, 6 de abril de 2013

é assim



Migala - Gurb Song
Eu queria alguém que entrasse em minha vida como um pássaro que entra em uma cozinha
E começa a quebrar coisas e se bater contra portas e janelas
Deixando caos e destruição.
Por is
so foi que eu aceitei os beijos dela como alguém que recebe um panfleto no metrô.
Eu sabia, não me pergunte por que ou como, que dividiríamos até nossa pasta de dente.
Nós fomos nos conhecendo acariciando as cicatrizes um do outro
Evitando chegar perto demais, saber coisas demais.
Queríamos que a felicidade fosse tipo um vírus que alcança cada espacinho em um corpo doente
Eu transformei minha casa em uma cama d´água e os peitos dela em castelos de areia escura
ELa me deu suas metáforas, suas garrafas de gim, sua coleção de selos da África do Norte.
À noite nós falávamos em sonhos, um de costas pro outro, e sempre, sempre, concordávamos.
Os lençóis eram tão nossa pele que paramos de ir pro trabalho.
O amor virou um homenzarrão forte ao nosso lado, terrivelmente útil, um grande mentiroso, com olhos imensos e lábios vermelhos.
Ela fez com que eu me sentisse novo em folha.
Eu assisti enquanto ela enlouquecia, perdia a linha, ouvíamos Nick Drake em seu toca-fitas e ela me disse que era escritora.
Eu li seu livro em duas horas e meia e chorei do começo ao fim, como se estivesse vendo Bambi.

Ela me disse que quando eu pensasse que ela já tinha me amado tudo o que podia, ela me amaria um pouco mais.
Meu ego e seu cinismo realmente se deram muito bem e dizíamos "o que você faria se eu morresse" ou "e se eu pegasse Aids?" ou "você não gosta dos Smiths?", ou "vamos transar agora". Deixamos nossas digitais por todo o meu quarto, o café da manhã era automaticamente preparado, e se ele viesse para a cama em um carrinho, sem mãos, competíamos para ver quem teria os melhores orgasmos, as melhores visões, as maiores ressacas. E se ela engravidasse decidimos que teria sido culpa das mãos de Deus.

O mundo era nossa ostra.
A vida era vida.

Mas então ela teve de voltar para Londres para ver seu namorado e sua família e seus melhores amigos e seu bichinho chamado Gus.
E sem ela eu estou horrível. Pintei minhas unhas de preto e cortei meu cabelo.
Abri minha coleção de fotos e nosso passado pode não ter limites e eu sei que o processo é cortar cada seção da minha história cada vez mais fininho até que eu fique apenas com ela, me sinto uma merda o tempo todo não importa quem eu beije ou quanto charme eu tente jogar em meus novos pássaros. 
Esta é a questão, não é? Novos pássaros que me projetarão por um fio do subsolo para o ar, para o mundo...

quarta-feira, 3 de abril de 2013

previsibilidade

um copo de "mais do mesmo" me mata mais do que um copo de cicuta

terça-feira, 2 de abril de 2013

...

não tenho carro por opção.  Não tenho t.v por opção. E só tenho celular porque ainda não é possível viver sem ele. Tento sempre que minhas ações sejam coerentes com as minhas ideias, mas, minha ''humanidade demasiadamente humana" me faz, invariavelmente, falhar. Não faço isso pra ser aceita em um grupo, ou pra ser musa inatingível de algum desocupado. Faço, porque daí resulta minha integridade. Cada vez mais luto pra ser autêntica sem ser agressiva ou julgadora, nem sempre consigo.
 Quero, que a mesma liberdade, pela qual eu luto seja de usufruto coletivo. Isso me bastaria, não fossem todos os meus sonhos.
Finalmente, é importante que se saiba que não preciso acreditar na ''verdade" do outro para que ela seja verdade. Basta que o outro acredite. Fé é experiência individual e intransferível e deve ser respeitada, não tolerada. Não importa se é fé em Buda, na cotação do dólar ou em absolutamente NADA. Posso, apenas, me reservar o direito de no íntimo achar tudo ilegítimo, contudo, em nenhum momento terei o direito de desqualificá-lo. Salvo quando for um tipo de fé que exclui ou invade direitos básicos.
Enfim, desejo que as ironias, acusações, frases engessadas e violências sejam sempre palavras cuspidas sem direção. E que o peito aberto pra uma nova vida seja via de regra pra cada amanhecer.
 Fab Ciraolo