terça-feira, 25 de novembro de 2014

faltou aquele por do sol

o corpo se conecta de uma maneira tão honesta que nenhuma razão consegue explicar. Nele fica impressa a sinceridade que nenhuma palavra dá conta. Não é possível enganar o corpo. Ele se abre por inteiro quando sente prazer e segurança com outro corpo presente, mesmo que as palavras ditas contradigam tanta intimidade.
O corpo sente saudade de quem não deveria e de toda minúcia que o outro carrega: cheiro, hálito, digitais...
Entre os corpos desenha-se um fio imaginário de ligação. Um fio tênue mesmo que aparentemente não se tenha criado nenhum laço de afetividade profunda.
Um ajuntamento estranho que carrega consigo o suspense e o desejo de reencontro. Um encaixe isento de palavras e cheio de respiros, gemidos, fungadas, lambidas e cheiros.
Um corpo que quer a sincronicidade a seu favor para tropeçar no outro, na chuva, em frente a rodoviária. Mesmo sem saber porque.

domingo, 9 de novembro de 2014

Permissividade

existem várias formas de abuso. Alguns acontecem mesmo sem as pessoas perceberem. Eles são inconscientes e permitidos.
Já consenti vários. Mês passado, por exemplo, tive umas horas de prazer com um rapaz que julgava interessante  e ele apenas falava de suas aventuras sexuais e amorosas anteriores como se eu fosse uma mera vírgula em sua vida excitante e promissora. O pior é que se repetiu por outras vezes. Qualquer conversa era motivo pra ele ressuscitar suas ex-zumbis-peguétes-paixões-de-fim-de-semana-amores- adolescentes- eternos. Uma sucessão tediosa de desrespeito que parecia um exercício-tentativa de delapidar a minha auto-estima claudicante. Quando era por mensagem, piorava bastante, porque era para eu ler apenas. Para ler calada, pois parecia que ele realmente não lia minhas respostas. Cheguei ao cúmulo de dar conselhos amorosos porque acreditei que seríamos amigos e ele parecia um cara legal. Mas, como ser amigo de alguém que sonega informações sobre si mesmo?! E Creio que só tive acesso a 10 por cento de informações realmente relevantes sobre esse boy.  Eu me tornei da noite para o dia uma amiga que o distraía nas horas vagas em que ele sentia solidão. Minha leitura: trata-se de um carente profissional egocêntrico que não se aguenta só e que tem jeito de bonzinho eterno. Um inseguro rapazóla de 30 anos que não tem noção nenhuma desse comportamento que aqui descrevo e que possivelmente continuará reproduzindo.
Acho curioso também que qualquer homem possa propor sexo, apenas pelo prazer do sexo, mas, uma mulher deva ser obrigada a associá-lo sempre a algo mais. Eu não queria amizade, não me entenda mal. Eu propus sexo. Eu fui atrás porque achei ele encantador. Mas, eu não posso querer sexo. Uma mulher querer sexo significa que ela copia os homens, e que consequentemente resultará em um arremedo mal rascunhado e será imediatamente desqualificada.
Fiquei 8 anos com um "bom moço" que me dizia que eu jamais seria uma boa mãe porque eu era "maluca". O "elogio" que eu mais ouvi na vida. Primeiro porque eu tento dizer o que penso sem rodeios e segundo porque penso demais.
Foram tantos abusos que um blog apenas não seria suficiente. O que me faz pensar no cerne da questão: o que posso mudar é a minha atitude. Tenho que diminuir a minha tolerância às ações desprezíveis de cada dia. Tenho que acreditar no meu próprio julgamento. Tenho que confiar na minha intuição.