domingo, 30 de setembro de 2012

''eu não sou escoteiro. Eu não sou hyppie"

aconteceu o que eu mais temia! Me apaixonei por Caetano Veloso... Eu, que sempre achei ele um chato de galocha, entendi TUDO assistindo a belezura de documentário "Tropicália". Cine do Liberty Mall lotado. Fim de filme, o cinema inteiro soluçando e aplaudindo. Não era nenhum festival, não. Era vida real. Era gente do povo.Burgueses ou não. E daí? Todos gritando. Achei bonito. Fiquei orgulhosa de um jeito melancólico. História nossa, sabe? Aula gostosa demais... Fiquei com vontade de abraçar o Caetano. O Gil eu já amava. O Tom Zé é genial... Foda.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

preencha as lacunas

Não gosto muito de aniversário porque inevitavelmente penso nas coisas que não fiz. Não plantei um livro. Não escrevi um filho. Não dei a luz a uma árvore. Mais, foi um dia lindo e de muita gratidão por todo o amor de graça ao meu redor. 37 milhões de motivos para agradecer.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

37

ontem, sentada com um amigo trompetista, homem de verdade, desses que nos fazem lamber os beiços, ouvi algumas revelações que me fizeram pensar sobre mim. Esse boy old school é do tipo apaixonado por perseguidas,coisa rara hoje em dia, transbordando charme e com a idade certa da sapiência (se é que isso existe). Só não me jogo em cima dele porque ele é comprometido e homem comprometido com certeza carrega maldições. É evidente que flertamos e de quando em quando imagino a língua dele em meus lugares úmidos, mas, nada que ameace lares felizes. Pois bem, esse figura me chamou num canto e soltou com aquela boca cheia de promessas pecaminosas: "Você assusta os homens Simoninha! É autosuficiente demais.Inteligente demais. Os caras ficam com medo porque acham que não tem nada prá te oferecer. Eles buscam ninfetas que precisam ser ensinadas e protegidas". Daí, não me contive e perguntei: " e você? gosta de quê?" e Ele: "gosto de mulheres, companheiras com as quais eu possa conversar além de trepar. Não tenho mais saco prá conversar com amigos no buteco ", daí eu perguntei: "você tem algum amigo trompetista solteiro prá me apresentar?" e caímos na gargalhada. Sei que me tornei filha de Palas Atena. A guerreira focada no próprio trabalho e na vida prática. A filha do Pai que troca resistência de chuveiro e maçanetas de porta. Pendura espelhos. Desenha armários. Estofa cadeiras. Azuleja mesas. Planeja viagens ao redor dos sonhos e não quer depender de homem nenhum prá nada... Me tornei realista de um jeito que nem lembro a sombra da mulher de dois anos atrás. Minha maior preocupação atual é levar documentos para o contador regularizar meu Imposto de Renda. Então, fico pensando se tenho que forjar vulnerabilidade para aliar-me ao partner in crime que eu sei que mereço: um homem descomplicado, que sabe o que quer e que irá me admirar por ser uma mulher real, palpável e não idealizada, e ao qual poderei oferecer o meu melhor. Fico pensando se terei um filho fruto de um grande amor, porque me parece que as crianças nascidas nessas condições são realmente especiais. Fico pensando se farei uma cirurgia plástica bem sucedida no meu olho esquerdo. Fico pensando se vou rever Mamão antes que ele se vá. E de tanto pensar, resolvo trabalhar. Porque pensar é só ideia e ando interessada em ações concretas. Em mudanças apocalípticas. E caio de novo no mesmo esquema da tal Atena... Tenho que fazer amizade com essa tal Afrodite logo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

prêmio de participação

fato: em uma corrida de caracóis EU chegarei em segundo lugar.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

célebre desconhecida

desde adolescente me espanto com a história de Dionísio. Nascido duas vezes e uma delas da coxa de Zeus, corre para não ser morto por Hera, esposa oficial do deus dos deuses, que quer matá-lo por ser filho de outra. O bastardo tem habilidade de transformar-se em tudo a sua volta e o faz para não morrer. Ou seja, travestir-se é uma questão de sobrevivência. Se for reconhecido, sua desdita está declarada. É assim que percebo a minha profissão. Sempre que fiz um personagem e não fui reconhecida por ninguém, me senti lisonjeada, como se tivesse sobrevivido a algo incomensurável. Como se tivesse defendido Dionísio de uma morte leviana. Por outro lado, quando não estou no palco por um tempo, tenho a sensação estranha de estar desaparecendo, como um rascunho desenhado ao contrário e em câmera lenta. Não me entenda mal. Não sou dessas atrizes que fazem rituais para o deus do teatro. Não participo de bacanais. Não fico pedindo bênçãos. Minhas deferências confundem-se com minhas ações em cena. Minhas defesas são genuínas. Ave Dionísio! Que São Genésio, protetor dos atores, não se esqueça de ti jamais!