segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Kali


um desejo recôndito surgiu nessa madrugada de domingo pra segunda num lampejo de insônia, que eu não tinha há tempos. Quis ver brotar da terra ao invés do mais rico e escuro  petróleo, dinossauros famintos e carnificentos. Bons corredores, brincariam com nossos corpos-bonecos e nos  comeriam devagar, primeiro arrancando-nos os membros inferiores e por último a cabeça, chupando os ossos e palitando os dentes reproduzindo o prazer sádico e guloso dos chamados "humanos" ao saborear frango à passarinho.
Eu lhes diria: venham amigos, nos comam! Desfrutem de um cardápio de seres vulgares e inconseqüentes. Aconselho porém um antiácido para lhes aplacar a azia, quase certa, provinda de nossa carne podre. 

domingo, 27 de outubro de 2013

edulcorante

é uma piscina salgada guardada dentro da caixa de velhos ossos, a mesma que guarda o coração.  Água parada, de salgada vira mágoa que amarga o meu café, muito mais. Nem um kg de açúcar. Nem o mel mais puro e anti-inflamatório. Nem o adoçante poderoso e insípido da grande multinacional. Hoje, não há doçura pra quem queira.

sábado, 26 de outubro de 2013

Relevante

com a mão direita e as pontas dos dedos, escolho tudo que é áspero, ruguento, entexturado e passeio com carinho, hora com palma, hora com digital.Tem paredes, plantas e tudo que fica ao alcance. Quase tudo é engruvinhado, quase nada é "perfeitamente" plano... Mas, é tudo tão honesto em seu relevo, é tudo tão hostil em seu existir... É tudo simplesmente relevante... Porque é prolongamento dos dedos. Também sou eu.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

andei por muito tempo achando coisas sobre quase tudo e chegando a pífia conclusão de que eu não sei quase nada, sobre quase tudo (a não ser  informações básicas de como sobreviver nesse mundo hostil. Hostil em quase todas as áreas é bom que fique claro, inclusive no amor).
38 anos, corpinho de 38, cicatrizes e marcas de 38 e  muito mais do que 38 arrependimentos.
Essa também sou eu. E tem uma outra que é louca pra sair correndo sem rumo. E tem uma outra da outra que quer sair voando. E tem uma outra da outra da outra que é uma selvagem pronta pra destroçar qualquer um com os dentes, tem a outra, da outra, da outra, da outra que quer se entregar ao abismo da vida com tanta intensidade que dá pra sentir o coração explodindo antes mesmo dele explodir. E tem a outra de outras 4 que quer morrer sendo penetrada pelo mais profundo amor. E tem aquela outra  de outras 5 que quer ser beijada com a língua pontiaguda da luxúria. E tem outra de outras 6 que quer ser dilacerada pela doçura de um belo dia de sol. E tem também  aquela outra lá,  que você ainda não conhece que quer tudo o que ainda não foi inventado. Quem não quer?!