sábado, 12 de julho de 2014

ouro de tolo

penso que um coração falido e inconsciente é aquele que só quer o outro um casulo oco impregnado de um belo verniz, assim sendo, mero objeto de desejo, dominação e atenção.
 A esse exercício de poder costumam denominar amor.
O outro (animal caçado) só lhe serve enquanto um "coração (?!)" ainda não capturado. Por outro lado, o ato de apaixonar-se torna essa mesma presa: refém, logo, desinteressante.
Mas, se um segundo predador aparece, a presa volta a ser atraente, desse modo,  motivo de competição, resulta num trofeuzinho, ainda que finja que não, (frágil e a mercê dos humores alheios) até que algo mais interessante apareça.
A mim essa dinâmica arcaica e doente já não interessa faz tempo, simplesmente porque não evolui e trata ambos participantes como seres ordinários e substituíveis.
Não existe algo além? Sagrado e desprovido de ilusões em que a entrega não decorra de um acordo leonino, escrito em letras minúsculas onde apenas um será beneficiado? Não existe relação onde seja possível viver sem acusações, mágoas, adestramentos e artificialismos?
Minha utopia é um amor justo e nesse sentido livre. Um amor que abraça, inclusive, a inexistência.

sábado, 5 de julho de 2014

(entregue-se)

abro teu peito a unha
deposito meu coração
Junto ao seu, agora, reordenam-se
 Veias pulsam em ritmo justo
somos um, mas, sabemos: somos Dois
Viveríamos ambos sem esse amor
 contudo, vivendo-o somos mais fortes,
enfim.