sábado, 5 de junho de 2010

não há nada como os primeiros sabores...

O único diário que tive além desse, era abarrotado de insetos mortos que eu encontrava. Colava por ordem de importância dial. Besouros esmagados, baratas voadoras, borboletas exóticas e até um escorpião suicida. Usava durex vagabundo e jogava todos os perfumes existentes na casa inteira, inspirada nas técnicas egípcias. Mas o cheiro de podre se tornava pungente a cada segundo. O que possivelmente, não ocorria com as múmias. Logo, tive que me livrar do caderno de ocorrências mais legal de todos os tempos. Assim eu me lembro dele, assim eu pensava nele. Cada jornada importante rumo ao quintal e as ruas, ali representada, nomeada e petrificada, em decadência, virando pó e me pressionando ao desapego. Como essas palavras grudadas aqui. No outro dia já deterioraram, já ficaram inapropriadas, piegas e irreconhecíveis. Às vezes se tornam inúteis e ultrapassadas no mesmo dia, na mesma hora... O fato é que, de quando em quando, sinto saudade do meu primeiro diário. Do segundo diário sinto apenas uma necessidade honesta, pedagógica (e egóica) de aprender sobre mim mesma, a única pessoa que, em tese, conheço melhor.

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