quarta-feira, 7 de julho de 2010

nada é banal

Ficar sem a dona Dilma me obriga a colocar em prática todos os dotes domésticos que minha progenitora mineira, de forma ambivalente, negava e aceitava me ensinar na mesma proporção que suas convicções feministas oscilavam. Pre-gui-ça de enfiar a mão no detergente e estragar minhas unhas preto-sépia. Como diz meu pai nordestino: “tu nasceu prá ser madame”.
Pois bem, minha louça é o monte Everest do Distrito Federal. Eu ligo o rádio pra ser salva por alguma distração que me tire dali conscientemente. Fodam-se os preceitos budistas do “aqui e agora” (pelo menos por hoje) e a postura meditativa diante das tarefas mais árduas do cotidiano.
Quando menos espero, toca uma dessas cantoras de voz grave me dizendo que viver de migalhas de amor é que é o lance. Oi ??? O Cazuza cantando algo parecido, ainda vai. É o Cazuza. E o Cazuza podia quase tudo. Menos morrer. Além disso, ele era rico e ao que tudo indica, tinha amor de sobra em casa, e amor-próprio até demais. Normal ele querer experimentar relações que já nascem subnutridas, algo novo prá ele. Elocubrações. Como eu disse, era o Cazuza...
O fato é que é triste demais se relacionar com alguém que não se relaciona com a gente. Triste em qualquer tipo de relação. A gente se entrega e o outro se economiza. Prá que inventar que está se relacionando? Se enganar e enganar o outro? E prá quê fazer apologia a esse tipo de coisa em uma música? Fetiche? Não creio. Parece baixa auto-estima. Em todo caso, quem gosta de migalha é pombo.

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