domingo, 5 de maio de 2013

além do bem e do mal

nesses meus 37 anos e meio, vividos às vezes, de maneira intensa e outras de maneira tediosa, e de mais erros do que acertos, aprendi algumas poucas coisas que em certos momentos parecem escapar feito fumaça e em outros dão a impressão reconfortante de que são acumulativas. Contudo, temo que não sejam, pois, memórias falham...
 Aprendi que o esforço humano para manter as aparências talvez pudesse ser utilizado em prol de grandes feitos, tais como acabar com a fome mundial. Veio com Maquiavel e ainda prevalece nas paradas de sucesso da nossa mediocridade. Exemplos não faltam. Tenho dois vizinhos casados que quando passam na minha frente exibem-se como pavões exalando sexo, alegria e prosperidade, mas, as paredes finas do prédio deixam as sombras se alastrarem pelas pilastras e o que se ouve não é nada bonito...acusações sobre a virilidade do companheiro, traições, ciúme exacerbado, ataques, xingamentos e gritos ao invés de gemidos de prazer. Se houve indícios de sexo foi uma ou duas vezes e adorei, porque é o tipo de coisa que até me faz querer participar. 
Outro assunto que me intriga é a capacidade do ser humano de transformar-se em vítima. Porque, enquanto há uma vítima, sempre haverá um algoz. E daí o ''mal'' vive no alheio, nunca em nós  mesmos. É fato que existem vítimas de verdade e essas merecem nossa compaixão e atitude. Não são essas as quais me reporto. Lembro de certa vez colocar em xeque a lealdade de um grande amor, não por ter ficado com outra pessoa, mas, por ter ficado, possivelmente, com uma outra pessoa que era uma grande amiga. Mas, o que é uma amizade? O que significa ser fraterno? Implica lealdade? Esse grande amor e a outra pessoa amiga, juraram que nada tinha ocorrido e ainda (como de praxe, nesse mundo machista)  disseram que eu era louca aconselhando em seguida, um psiquiatra. Vítimas de uma desequilibrada.
Sim, o desejo pertence a cada um de nós.  Assim sendo, definitivamente não temos que dar satisfação a ninguém sobre ele, nem mesmo aos parceiro/as, mas, e sobre a amizade? Ela é menor que o desejo?
Seguindo esse rol de questões,vem o pré julgamento, aquele que mais olha para fora do que para dentro. Minhas experiências difíceis no campo do amor, me fizeram rever toda minha inabilidade de olhar o outro com empatia, pois, quase nunca olhei pra mim de forma bondosa. E tudo começa no mais profundo de si. Não há como compartilhar o amor, se para si mesmo existe mesquinhez. Julguei como a rainha de copas e saí cortando cabeças como quem colhe maçãs podres e as  descarta sem piedade. Orgulho ferido, amor não correspondido, ser trocado/a é foda... A rejeição é para os monges que atingiram ao nirvana, não para os "humanos, demasiado, humanos".
E pra finalizar porque não há mais espaço nem vontade de escrever, vem a síndrome de superioridade que leva o indivíduo acometido de tal baboseira olhar para o ''resto'' como se fosse o enviado do além. Creio, que seu escárnio para com os outros, na verdade, é para consigo mesmo e tudo que odeia em si.
Bom, pra mim, só resta um sorriso meio cínico que carrego quando o passado tenta me assombrar. Eu rio de lado e penso: somos um cisco camarada, somos um grão... Não sabemos o que se passa com o outro. Não sabemos nada. E ousamos julgar, condenar e desprezar. Essa quinta passada, por exemplo, fui investigar a vida de um de meus alunos adolescentes, porque era a segunda vez que eu observava um comportamento estranho da parte dele, quando não era choro, era uma certa apatia que PARECIA pouco caso com minha aula. Foi quando me veio a notícia de que seu pai estava numa cama vegetando desde 2010 em decorrência de uma doença degenerativa.
É assim... meio torto...meio errado... é vida que continua... e vou com minha máscara da monstruosidade ganhando fama como a ''mulher má''. Nada de ser a boazinha que tudo aceita.
Certo. Somos amor. Mas, precisamos escavar muito para que ele se manifeste.
Eu, monstra

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