quarta-feira, 14 de agosto de 2013

fratura exposta

quando eu tinha 15 anos, um dos meus maiores sonhos era sofrer uma fratura exposta no braço direito, por questões óbvias: a escola era um saco e eu era uma adolescente sombria e egocêntrica. Felizmente, isso nunca ocorreu, mas, me fez constatar que nessa idade eu era um cemitério de ambições.
Com o tempo fui percebendo que essas fraturas vão ocorrendo metaforicamente. Percorrem o coração, o fígado, e englobam pulmões, sonhos, fetiches, dentes e por aí vai. Mas, um couro grosso vai envolvendo tudo que se parte ficando parecido com um exoesqueleto, com uma armadura meio deformada, e a gente assim,  prossegue, porque é o que deve ser feito.
Refletindo agora sobre qual seria meu maior sonho, exatamente às 21:02 do dia 14 de agosto de 2013, eu diria que é me tornar um pouco mais íntima das coisas, do meu corpo e de tudo que me cerca. Mapear com o coração cada centímetro que eu conseguir. Dizem que os orientais costumam preencher com ouro as emendas de suas valiosas porcelanas quebradas para valorizar ainda mais a história de cada uma delas. Assim seja também com tudo que se parte e for passível de conserto.

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