terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

adeus menina

quando eu tinha doze, minha mãe me alertava: "menina, se economize, pra não enjoarem da sua cara". Daí eu acreditei. Levei como mantra. Virou uma crença. Informação grudada no osso. Quando eu cresci, tomei banho com bucha de aço. Raspei com faca de pão. Rasurei com unhas afiadas. Nada deu jeito. Nem auto-hipnotize. Resolvi ficar em silêncio. Eu sei que meu corpo vai falar e arrumar um jeito de esquecer esse engôdo. E daí, quem sabe, essa impressão estranha de que tem alguém me estrangulando passe. Daí, quem sabe esse saco de pedras que eu carrego fure e todas elas saiam rolando pra nunca mais.

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